sexta-feira, agosto 16, 2013

A Índia Mony

A índia Mony
tatuava o corpo
com plumas de ema
e pavão.

Adornava os seios,
colares de dentes,
pulseiras de capim,
unhas de gavião.

Adormecia ouvindo
o canto das selvas;
estrelas iluminavam
a palma da mão.

O corpo despido,
Iluminava cavernas;
acima das nuvens
ouvia a manhã.

Seus dedos buliam
as ondas do mar,
e os cabelos adornados
com fios de lã.


Duendes gulosos
dormiam em taperas;
não viam perigos
no meio das feras.


Escondiam nas grutas,
cestas de assados
doces e frutas.

A índia Mony ouvia
perto e longe
poemas de amor,

nos lábios do índio,
que imitava cavalos,
trotando nas pedras.

Cheio de calos,
andava a mancar
e sempre a dizer:

'pocotó', 'pocotó',
'pocotó'...

Cansada de ser só,
movia os cabelos
no meio do pó.

Ao amanhecer,
bem longe ouvia:
'Pocotó' 'Pocotó...'

O sol nascia
entre as folhas,
flores e ervas.

Índios jovens e velhos
voltaram a pescar,
e correr.

A índia Mony
tornou-se mulher.

A tribo inteira
dançava na chuva,
celebravam a união
da lua e do sol.

Versos de amor
surgiam das águas,
no meio do tempo,
e do pó.


A índia Mony
soltou os cabelos,
neles deu um nó.

De todos os cantos
os ventos sopravam.


A índia Mony,
cheia de encantos,
encontrou o amor
de Pocotó.



domingo, agosto 11, 2013

Poema no meio de agosto

  Agosto em festa.                                       
  Disfarço a solidão.                                  As pedras guardam
  Os dedos afastam                                       palavras.
  fantasmas...                                                  Relógios marcam o medo
  traçam trilhas                                                  nos lábios o vermelho romã.
  na floresta.



                    







 

sábado, agosto 10, 2013

São espelhos os olhos de Norma.


Não veem o céu, o sol, o mar.


A fúria dos ventos

arrasta as pedras;

Norma rodopia no tempo,

morre na poeira;os olhos
soltam-se da face,
quebram-se no ar.

quinta-feira, agosto 08, 2013

Ecopoema




um poema  no espaço
sopra nuvens de poeira,
chumbo e aço.

domingo, agosto 04, 2013

A Porta

A Porta

a porta aberta
esconde a solidão

o vento corta 
o pelo exposto
entorta a mão.

a tarde exporta o medo
a lágrima em pasta arde
escorre sangue a ilusão.

uma fratura exposta
exala podridão

algo estranha o meio
entre o sim e o não.