domingo, dezembro 29, 2013

Promessas






Sentirás a angústia do poema,
com o cheiro do vinho mais caro,
quando faltar  a chuva e o sol.

Viverás um ano de luz e glórias.
Continuarás à espera das cores,
dias bordados, horas sem sal.

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Na Sala

Não sei se te beijo numa sexta-feira,
40 graus, num final de novembro.

Resta-me a espera das certezas
das horas iluminadas em dezembro. 

Nos meus abraços cabem teu corpo,
na distância, ardem meus lábios... 

Decifro medos e desejos 
no fundo dos teus olhos.

Encontro verdades e fingimento,
dores e saudades, alegria e tormento.

Nuvens transportam segredos,
revelam-se as flores nas manhãs,
dentro das salas onde te espero

quarta-feira, novembro 06, 2013

Ao Vento


                          Quando voltares, nada direi.
                    Ouvirás silêncios e uma canção
                    no vento.

                    Há flores colhidas no orvalho.
                   O céu está aberto. Estrelas
                   chegam às mãos.
                  
                                                             Cansado de esperas, recolho os fios
                                                             do tempo e as promessas de nuvens.

                                                              {A casa exala perfumes e palavras}.

                                                           Os olhos esperam as cores do mundo.
                                                           Apago as dúvidas no peito e na face;

                                                       poemas são aves. Voam acima dos mares.

sexta-feira, outubro 11, 2013


Gênese e Causa


Qual a medida dos corpos no espaço?
De onde viemos? Para onde vamos?

{Descrevem os poetas a eternidade}.

segunda-feira, setembro 30, 2013

Quando Setembro Passa



As flores deixam perfumes
nas mãos cansadas de lutas.

Brilham as pedras,
refletem as horas,
o suor e o sono.

As almas mais puras
ouvem o sol, os pássaros
e os homens.


As crianças colhem
sonhos, desfiam
nuvens e manhãs.

Setembro guarda
nos lábios dos deuses
mil poemas bordados
em nuvens.

sábado, setembro 21, 2013

Destino





Afago tuas mãos; vejo marcas e traços do destino. 
Ouço a agonia das flores e o grito do fruto amargo.

{ Augusto dos Anjos cospe e tosse nos quintais}.

Teus olhos no rosto fino, faz sombras ao riso largo;
Vejo no lixo poemas escritos na lâmina dos punhais.

sexta-feira, agosto 16, 2013

A Índia Mony

A índia Mony
tatuava o corpo
com plumas de ema
e pavão.

Adornava os seios,
colares de dentes,
pulseiras de capim,
unhas de gavião.

Adormecia ouvindo
o canto das selvas;
estrelas iluminavam
a palma da mão.

O corpo despido,
Iluminava cavernas;
acima das nuvens
ouvia a manhã.

Seus dedos buliam
as ondas do mar,
e os cabelos adornados
com fios de lã.


Duendes gulosos
dormiam em taperas;
não viam perigos
no meio das feras.


Escondiam nas grutas,
cestas de assados
doces e frutas.

A índia Mony ouvia
perto e longe
poemas de amor,

nos lábios do índio,
que imitava cavalos,
trotando nas pedras.

Cheio de calos,
andava a mancar
e sempre a dizer:

'pocotó', 'pocotó',
'pocotó'...

Cansada de ser só,
movia os cabelos
no meio do pó.

Ao amanhecer,
bem longe ouvia:
'Pocotó' 'Pocotó...'

O sol nascia
entre as folhas,
flores e ervas.

Índios jovens e velhos
voltaram a pescar,
e correr.

A índia Mony
tornou-se mulher.

A tribo inteira
dançava na chuva,
celebravam a união
da lua e do sol.

Versos de amor
surgiam das águas,
no meio do tempo,
e do pó.


A índia Mony
soltou os cabelos,
neles deu um nó.

De todos os cantos
os ventos sopravam.


A índia Mony,
cheia de encantos,
encontrou o amor
de Pocotó.



domingo, agosto 11, 2013

Poema no meio de agosto

  Agosto em festa.                                       
  Disfarço a solidão.                                  As pedras guardam
  Os dedos afastam                                       palavras.
  fantasmas...                                                  Relógios marcam o medo
  traçam trilhas                                                  nos lábios o vermelho romã.
  na floresta.



                    







 

sábado, agosto 10, 2013

São espelhos os olhos de Norma.


Não veem o céu, o sol, o mar.


A fúria dos ventos

arrasta as pedras;

Norma rodopia no tempo,

morre na poeira;os olhos
soltam-se da face,
quebram-se no ar.

quinta-feira, agosto 08, 2013

Ecopoema




um poema  no espaço
sopra nuvens de poeira,
chumbo e aço.

domingo, agosto 04, 2013

A Porta

A Porta

a porta aberta
esconde a solidão

o vento corta 
o pelo exposto
entorta a mão.

a tarde exporta o medo
a lágrima em pasta arde
escorre sangue a ilusão.

uma fratura exposta
exala podridão

algo estranha o meio
entre o sim e o não.

quinta-feira, junho 06, 2013

Os olhos de Norma



São espelhos os olhos de Norma.
Não veem o céu, o sol, o mar.

os ventos arrastam,
árvores e sonhos.

Norma rodopia no tempo,
morre na poeira;os olhos
soltam-se da face,
quebram-se no ar.

domingo, junho 02, 2013

As Horas



Como nuvens,
as horas chegam
aos olhos

e passam.

Sonhos
vestem 
manhãs.

No azul
dorme

o amor
no fundo
da alma.

quinta-feira, maio 30, 2013

Os Sinos



Amores não  ouvem os sinos das manhãs,
 onde guardo as flores e fecho meus olhos.

sábado, março 30, 2013

Quarto vazio


quero ouvir teu pulso
um  hard insulto

um encontro: baixos
pianos e tambores

a voz imposta
embala o jazz

 no coração
 teu nome bate
 cheio/dentro

vibra no peito
desejo insano.

dança o corpo inteiro
ouve o amor soprar
a poeira escura
 do quarto  vazio.

sexta-feira, março 08, 2013

Março





Marcam os minutos
a espera do quarto gole
da cachaça diária...

Os olhos expostos,
esperam à mesa,
a toalha de linho, 
as frutas e o pão...


Os dias bolem...

recolhem
o limite das horas.
de ansiedade,
 e medo.

 A poesia é farta.
Não descarta
a rima  na poeira
deixada ao  vento.

Ébrios, os poetas
retornam à mesa,
resgatam  as cartas
coladas nas portas.